O Amante da China do Norte Marguerite Duras
€7.00
CONTACTE-NOS
Ele diz:
-Vou magoar-te.
Ela diz que sabe.
Ele diz também que às vezes as mulheres gritam. Que as Chinesas gritam. Mas que só magoa uma vez na vida, e para sempre.
Neste livro existe uma palavra a partir da qual se ergue toda a história. Essa palavra é «criança», a criança. A paixão de um adulto por uma menina. A palavra criança enche este relato de inocência.
Um chinês adulto apaixona-se por uma menina. É rico e ocioso. Dedica-se às mulheres, ao jogo e a fumar ópio. “Não fazer nada é uma profissão. Muito difícil.” Um ambiente dócil e intencionalmente indolente, sem julgamentos. Era comum os chineses gostarem “das meninas pequenas”.
Ele volta a sentar-se. Ele acaricia mas levemente o corpo dela ainda magro. Os seios da criança, a barriga. Fecha os olhos como um cego. Pára. Retira as mãos. Abre os olhos. Muito baixo diz:
-Tu não tens dezasseis anos. Não é verdade.
A criança não responde. Ele diz: É um pouco assustador. Não espera resposta. Sorri e chora. E ela, ela olha para ele e pensa – num sorriso a chorar- que talvez vá amá-lo por toda a sua vida.
Num momento, entre o amante chinês e a criança, acontecem palavras banais, “ela diz as palavras convencionais para serem ditas – as palavras dos livros, dos comboios, do cinema, da vida, de todos os amantes. Amo-te”. É o momento dos adultos, para se ser adulto. Da consciência dos atos e da necessidade de lhe pôr um fim.
Esta é uma história recontada, com a consciência de a ter escrito num outro tempo, num outro livro. “Até se recorda de ter escrito que o mar estava presente nesse dia no quarto dos amantes.” Também existe a possibilidade de um filme. O alerta para que a escolha da criança não caia exclusivamente sobre a sua beleza. “Trata-se de outra coisa que está em jogo nela, na criança, trata-se disso de ela ser «difícil de evitar», dessa curiosidade selvagem, de uma falta de educação, de uma falta, sim, de timidez. … A beleza não faz nada. Não olha. São os outros que olham.”
Este é um livro que se revela belo, muito belo ao nosso olhar de o ler. Duras iniciou a sua escrita quando soube da morte dele, do chinês, largou tudo e começou a escrevê-lo. A história do amante da China do Norte e da criança. “Não continuei depois da partida do navio, quer dizer, depois de a criança partir.”
Existe neste livro uma palavra: criança, e essa palavra significa uma inocência difícil de evitar. O livro termina quando a palavra criança se esgota, porque a mesma só faz sentido na boca do amante chinês.
O céu ainda pertence à noite, é sombrio.
PartilheProdutos Relacionados
A Bússola de Noé, Anne Tyler
Liam está quase na idade de se reformar quando lhe propõem tirar licença. A partir de então vai ter de passar a viver das suas modestas economias, o que assume cautelosamente. Decidido a concentrar-se no essencial, vai viver para um … Ler mais
Vagabundo ao Serviço de Espanha de Camilo José Cela
Vagabundo ao Serviço de Espanha de Camilo José Cela Partilhe
Os Dias da Febre JOÃO PEDRO MARQUES
Descendo a Calçada de Santana e espreitando por entre as cortinas da sua carruagem, Elvira Sabrosa vislumbra Robert Huntley, um inglês que não via desde os tempos da infância, há mais de 20 anos. Os Dias da Febre narra as … Ler mais
City de Alessandro Baricco
ISBN: 9789722905169 Edição ou reimpressão: 04-2000 Editor: DifelIdioma: PortuguêsDimensões: 150 x 230 x 20 mm Encardenação: Capa mole Páginas: 272 Partilhe
O Bater Solitário do Coração, Henry Troyat
Henri Troyat, nascido com o nome Levon Aslani Thorosian ou Lev Aslanovich Tarasov, foi um escritor, ensaísta, novelista e historiador francês de ascendência armênia Partilhe
As Leis da Vida, Fay Weldon
Fay Weldon é uma das mais estimadas e respeitadas autoras britânicas. Nasceu em 1931 e passou parte da infância na Nova Zelândia, tendo regressado a Inglaterra aos dez anos. Estudou Economia e Psicologia na Universidade de St Andrews, na Escócia, … Ler mais
A Pérola do Oriente Han Suyin
Rosalie Matilda Kuanghu Chow, sendo o seu pseudônimo: Han Suyin, foi uma médica e escritora chinesa. Formou-se em medicina e foi pediatra em Cingapura, abandonando a carreira após casar-se com um diplomata chinês. Partilhe
Entre o Céu e a Terra, Paula McLain
Paula McLain, autora do bestseller Madame Hemingway, regressa com o seu muito aguardado novo romance, levando os leitores para o Quénia colonial dos anos 20. Ainda adolescente, Beryl Markham acompanhou os pais quando se mudaram de Inglaterra para o Quénia … Ler mais